Onda de assaltos no Cemitério de Paiçandu

Pelo menos 200 túmulos do Cemitério Municipal de Paiçandu (a 17 quilômetros de Maringá), localizado próximo ao Centro, tiveram peças de bronze, cobre e outros metais furtadas em uma só noite.
De acordo com cálculos da prefeitura, mais da metade das pouco mais de 5 mil sepulturas já foram alvo de ações dos ladrões e os crimes podem continuar porque o cemitério não tem qualquer tipo de vigilância.
Os furtos no cemitério vêm de muito tempo, mas se intensificaram nos últimos dias, possivelmente praticados por usuários de drogas, que "roubam as peças para conseguir dinheiro para o vício", como acredita a responsável pelo Setor de Fiscalização da prefeitura, Marlene Todon Popin, que coordenou algumas ações no cemitério.
Ela diz ter informações de que durante a noite pessoas pulam os muros para usar drogas no interior do cemitério. "Os muros são baixos e um dos lados faz divisa com um terreno baldio, por onde as pessoas podem estar entrando", alega.

Reflexo
"Os parentes das pessoas sepultadas 
ficam irritadas e descarregam em nós
a revolta deles."
José Carlos Ferreira 
Coveiro
Os coveiros José Carlos Ferreira e José Ribeiro da Cunha, o Pelé, dizem que estão incomodados com essa onda de furto, porque "os parentes das pessoas sepultadas se irritam e descarregam em nós a revolta deles".

Ontem, várias pessoas compareceram ao cemitério e constataram a falta de objetos nos túmulos de parentes, principalmente peças em bronze e cobre, como crucifixos, bíblias, imagens de santos e as placas onde geralmente há mensagens. Também são furtados os nomes dos sepultados, os puxadores das gavetas e até as molduras onde estão fotografias.
"Toda manhã, encontro fotos espalhadas por aí", diz Cida do Pátio, encarregada da limpeza do cemitério. A primeira coisa que ela faz ao chegar no trabalho, todas as manhãs, é verificar se a placa do túmulo da mãe dela continua no lugar.
Revolta
"É revoltante, porque aqui estão as pessoas que construíram esta cidade", disse ontem a aposentada Ana Santos Dias, que considera que há descaso por parte das autoridades "e esse descaso é um desrespeito com a história, com as pessoas, com as famílias que veem as covas dos parentes danificadas".
Ana Dias vai sempre ao cemitério visitar os túmulos do filho e da nora, que morreram em um acidente de carro. "Foi muito triste chegar aqui e ver que a placas, os crucifixos e até os nomes tinham sido carregados". Ela havia pagado R$ 430 em uma placa de bronze, que permaneceu apenas alguns dias no túmulo do filho.
"Sei que se colocar outra, também será roubada, por isso optei por uma placa de material que não serve para derreter". A nova placa custou pouco mais de R$ 50 e, por enquanto, resiste.
O prefeito Vladimir da Silva, o Vladão (PMDB), disse ontem não ter uma saída para acabar com os furtos no cemitério. "Teríamos que colocar guardas lá durante a noite, mas não temos pessoal suficiente nem para cuidar dos prédios públicos e não temos como contratar ninguém agora", destaca.
O prefeito disse que vai se reunir com o Conselho Municipal de Segurança, delegado e comandante da Polícia Militar para encontrarem uma alternativa para o cemitério.

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